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Bartolomeu Romcy Costa

bartolomeu_romcy_costaHistória de Vida

Identificação
 

Meu nome é Bartolomeu Romcy Costa. Nasci em 23 de dezembro de 1951, na cidade de Ubirajara em São Paulo.

 

 

Família

 

 

Meus pais são Jaime Costa e Ruth Romcy Costa. Meu pai é de origem portuguesa, por isso o sobrenome - Costa. E minha mãe é origem síria. O meu pai trabalhava para laboratório farmacêutico. E minha mãe ficava em casa.

 

 

Infância

 

 

Quando criança, passei por várias cidades do interior de São Paulo e Zona da Mata, em Minas Gerais. Meu pai era escalado para ficar em certas regiões e a mudávamos de cidade em cidade. Ele fazia propaganda dos remédios, levava amostras. Já, a minha mãe não trabalhava, ficava em casa. Tive uma infância muito boa no interior, brincando, estudando. Caçava, pescava, brincava de bolinha de gude, soltava pipa. Foi uma infância muito feliz.

 

 

Estudos

 

 

Eu estudei no grupo escolar, como se falava antigamente. Mas estudei em várias cidades. Fazia a transferência de uma escola para outra. Depois, quando eu cheguei aqui em São Paulo, por volta de 1970, fiz o curso técnico em ciências contábeis.

 

 

Trajetória Profissional

 

 

O meu primeiro trabalho foi numa loja de peças de fogão na Celso Garcia. Eu atendia o balcão e tinha várias atividades, como fazer toda a parte de suprimento dos materiais.

 

Trajetória no Dieese
 

Conheci o DIEESE, quando um professor, muito amigo nosso, me indicou para falar com o Barelli. Na época, estava precisando de um técnico em contabilidade e ele me avisou. Fui lá fazer o teste, tinha umas questões de matemática e contabilidade. Passei e entrei no DIEESE.

Antes disso eu já tinha ouvido falar do DIIESE porque tinha as pesquisas e era sempre divulgado na imprensa. Quando comecei a trabalhar, estávamos no prédio da Rua das Carmelitas, no terceiro andar. Começamos a trabalhar ali, era pequeno, um andar só, mas o DIEESE também era pequeno, fazíamos todos os trabalhos ali.

Eu chegava às 8 da manhã e saía às 17 horas, isso num modo de dizer porque ficávamos muito mais. A gente se empenhava, tinha muitas coisas para fazer, era um grupo pequeno e tínhamos múltiplas funções. Na época, eu fazia análise de balanço, setor de pessoal, a contabilidade, e até corria para os bancos para fazer a parte bancária.

Com relação às contribuições dos sindicatos, fazíamos a cobrança na Vila Maria e, me lembro, até da conta: era 716-1, na Vila Maria. Fazíamos a cobrança, mandávamos os boletos via correio, recebíamos e fazíamos os pagamentos necessários. Essa forma de recebermos a contribuição do sócio foi mudando com o tempo. Aliás, o nome contribuição é usado até hoje no DIEESE. Depois, surgiram as subseções e a cobrança tem um outro estilo. Com as subseções tem um valor diferenciado, porque fica um técnico alocado no sindicato em período integral. Então, as cobranças se ampliaram e hoje nós temos também as pesquisas que partem dos projetos. Se antes tínhamos uma conta, hoje temos várias contas que são dos projetos.

Na contabilidade, vivemos vários períodos de instabilidade. Muitas vezes, os sindicatos estavam com problemas financeiros e não podiam nos pagar. Passávamos aquele apuro. Dividimos até os salários para serem pagos, dividimos em várias vezes. Procurávamos pagar aqueles que ganhavam menos e os outros a gente deixava um pouco para depois. Quer dizer, foram períodos duros da vida do DIEESE. Foram vários e vários.

Devido a essa característica de contribuição social do DIEESE, tivemos vários problemas na hora do recebimento, mas tivemos também a solidariedade de sindicatos grandes que nos ajudaram antecipando mensalidades, trimestrais, semestrais, nos ajudando a passar por aqueles momentos difíceis.

Os sindicatos, que passaram por problemas, com a nossa cobrança e eram vários, realmente não podiam nos pagar no momento, no vencimento. Não dá para precisar quais eram esses sindicatos, porque os boletos iam e se tinham problemas de caixa, deixavam para pagar depois.

Um sindicato que muito nos ajudou, inclusive cito o nome do tesoureiro - Bernardino Testa - antecipou a mensalidade do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, às vezes antecipava três, quatro, cinco mensalidades. Ele sempre nos socorreu. Acredito que essa solidariedade vem do próprio contexto do DIEESE de ser entidade criada e mantida por sindicato de trabalhadores. E os nossos dirigentes, os dirigentes sindicais conscientes sabem da importância da instituição não só para o sindicato como para os trabalhadores.

Quanto à solidariedade interna, o que existia é que tinha salários mais altos, dos diretores, dos técnicos e todos solidariamente abriam mão de receberem em prol daqueles que recebiam menos como, por exemplo, o office boy, o pessoal que ajudava na limpeza, etc. Então, isso é uma solidariedade interna que nos ajudou muito. Quer dizer, a gente formava, e forma, um grupo muito forte com o objetivo de ajudar a todos, principalmente em questão de sobrevivência do órgão. E me lembro muito do bem, do Barelli que sempre deixava de receber para poder ajudar os outros que recebiam menos.

E através do Barelli também, ligávamos para os sindicatos: “Olha, não atrase a contribuição, nos ajude, nós precisamos manter a entidade” E como eu disse, alguns sindicatos, como os Metalúrgicos, nos socorriam no momento certo, então, era uma campanha pra gente passar por esses momentos.

Acho que tivemos momentos felizes, quando conseguimos ter equilíbrio para pagar a folha, conseguir pagar em dia e fazer com que técnicos do DIEESE continuassem na instituição. Ver todo aquele trabalho crescendo, todo o DIEESE fazendo todos os trabalhos técnicos, crescendo junto com o movimento sindical foi muito importante. É muito prazeroso saber que nós chegamos até aqui, sempre de cabeça erguida. O DIEESE nunca foi contestado. O DIEESE sempre esteve de mãos limpas, inclusive servindo de modelo de honestidade e dignidade para o movimento sindical. Nunca houve problemas aqui no DIEESE de desvio de recursos. Isso é uma questão que mexe muito com a gente porque precisamos dar exemplo, diante de tantos problemas acontecendo na sociedade, infelizmente. Com tantos problemas o DIEESE conseguiu se manter no rumo certo, honesto e digno.

 

Importância do Dieese
 

Eu vejo o Dieese como um patrimônio muito forte do trabalhador porque é um órgão sem similar no mundo todo. Uma entidade que nasceu para poder fazer frente aos trabalhos técnicos. As empresas tinham os seus técnicos formados até no exterior e os sindicatos não tinham. Então, foi criado o DIEESE justamente para poder sentar numa mesa porque o trabalhador, geralmente oriundo da sua base não sabia mexer com matemática financeira, com cálculos tão complicados e era preciso ter um técnico de confiança do movimento sindical que sentasse à mesa e pudesse discutir à mesma altura.

Eu até me emociono em dizer o que significa o DIEESE, porque significa tudo para mim. Eu amo essa instituição, entrei com a missão de trabalhar com o dinheiro, de ficar na beira do cofre, vamos dizer assim. E eu faço tudo por ela porque sinto a sua importância. Quando eu entro para trabalhar, sinto que eu estou trabalhando não só pelo DIEESE, mas também para os trabalhadores. Ainda mais por aqueles mais humildes que lutam tanto para poder ter um salário justo.

E o primeiro sonho que vem forte à minha mente é que DIEESE tenha seu patrimônio, tenha onde ficar. Em dados momentos, eu comparo com o povo hebreu na diáspora. Nós não temos ainda um prédio nosso. O meu grande sonho é que o DIEESE tenha um prédio onde possa ficar, onde não seja tirado a qualquer momento, para que a instituição sobreviva sem problemas. Eu até comento que gostaria que antes de eu me aposentar, que o DIEESE tivesse um lugar para ficar seguro, e que fosse seu, ou seja, que fosse do trabalhador.

 

 

Avaliação/Projeto Memória

 

 

Eu achei uma oportunidade sem igual. É importante resgatar a memória do DIEESE para que essa memória possa servir para o futuro, para os jovens. Eu já estou com uma certa idade, com 55 anos, me formei aqui dentro do DIEESE, sempre procurei dar o meu melhor. Eu acho que nós precisamos cada vez mais que essa nova geração cuide do DIEESE. Que faça com que ele cresça, mas que nunca perca a sua identidade que é fornecer dados honestos, feitos de uma maneira que sempre foi consagrada, não só pelo movimento sindical como pela sociedade.

 

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