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Sílvia Maria Manfredi

silvia_maria_menfrediHistória temática


Identificação
 

Eu me chamo Silvia Maria Manfredi, eu nasci em Mondovì, província de Cueno, na Itália, em março de 1946.

 

 

Formação Acadêmica

 

 

Sou formada pela Universidade de São Paulo, nos gloriosos anos 67 e 68. Sou licenciada e bacharel em Pedagogia. Fiz um curso de especialização em nível de pós-graduação, com a Professora Doutora Maria Isaura Pereira de Queiroz, na área de Sociologia Rural. No início dos anos 70, com a reforma universitária, fiz o mestrado com a Professora Doutora Aparecida Joli Gouveia, em Sociologia da Educação. Nesse meio tempo, obtive uma bolsa da Fundação Ford para fazer o mestrado nos Estados Unidos, mestrado de Avaliação Educacional, na University of Colorado at Boulder. Quando regressei ao Brasil, a USP não reconheceu esse título, então conclui o mestrado com a professora Joli. A tese era sobre Paulo Freire e o Programa Nacional de Alfabetização [PNA]. E o doutorado já foi em cima da minha paixão que é a formação sindical, a educação sindical.

 

 

Trajetória Profissional

 

 

Fiz, o primeiro livro, sobre formação sindical, com as experiências de educação sindical no Estado de São Paulo. Trabalhei basicamente centrada na experiência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, onde fiz todo um trabalho de educação, junto com o Miguel Huertas, que era o coordenador do Departamento de Educação Sindical e alguns técnicos do DIEESE que já atuavam em alguns cursos.

Uma outra experiência, desta época, foi a criação do Grupo de Educação Popular na PUC São Paulo ligado ao URPLAN [Instituto de Planejamento Regional e Urbano] que era um outro setor de pesquisa em educação popular. Fizemos uma série de materiais didáticos produzidos para o movimento popular, movimento sindical, com base na metodologia da história de vida. São os chamados Cadernos dos Trabalhadores. Eu tinha uma dupla vida profissional, a universidade, que era o meu sustento. Eu sempre trabalhei em universidade, e por outro, este trabalho de assessoria e de educação aos movimentos populares, movimentos sociais ou ao movimento sindical.

A primeira tese de doutorado nasce dessa vontade de registrar uma história que praticamente não havia sido feita e também porque existia, mesmo dentro da universidade, certo preconceito em relação a esse chamado conhecimento, a educação popular. Nos anos 70 existia todo um movimento de renovação da escola, dentro da pedagogia dos conteúdos, da competência técnica. Eu me lembro de uns debates bastante acalorados com alguns colegas meus da universidade que não aceitavam muito essa dimensão da educação popular, que é uma dimensão de educação de classe, que existe, mas que era sempre vista dentro de uma ótica, dentro do, vamos chamar assim, do marxismo mais ortodoxo que não se encaixava muito nessa perspectiva. Eu acho que também dentro da universidade, posso dizer, fui uma das pessoas que ajudou a legitimar esta outra linha de pesquisa na área de educação e formação sindical. E depois, educação popular. Eu sei disso, porque eu batalhei muito para que depois isso entrasse como uma linha de pesquisa. Como a universidade exige que você faça uma carreira, fiz depois uma pesquisa de educação sindical na Itália. Estive lá em 92 e, finalmente, conclui a livre-docência com este livro “A Formação Sindical no Brasil”.

No primeiro livro da minha tese do doutorado, fiz a análise das práticas educativas no movimento sindical no Estado de São Paulo e aqui eu vou para o Brasil. Eu resgato e recupero as principais experiências de educação sindical em outros estados, além de São Paulo, no limite daquilo que os recursos me permitiram fazer. Não fui ao Nordeste, não fui ao Rio Grande do Sul, enfim, fiquei centrada naquelas entidades sindicais que tinham um âmbito nacional, tipo a FASE [Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional], o DIEESE, algumas das centrais sindicais que já estavam organizadas. Eu fiz esse esforço de recuperar historicamente as práticas, desde os anarquistas. Eu fui historicamente recuperar, no movimento, quais foram as práticas de educação sindical mais realizadas ao longo da história do movimento, até os anos 80, quando da fundação das centrais, que é quando o DIEESE se dedica a isso. Também recupero um pouco as práticas feitas pelos partidos políticos de esquerda. Acho que a formação sindical nos anos 40 e 50 era uma prática mais dos partidos e menos assumida pelas entidades sindicais, pelos sindicatos.

Eu me formei em 67/68. Como muitas pessoas da minha geração, fizemos parte do movimento de 68. Com todas as nossas fragilidades e forças, fomos protagonistas de um movimento de transformação social, eu diria, nos anos 68, 69, e depois com a Ditadura, fomos protagonistas de setores da sociedade civil brasileira que lutaram pela redemocratização. Eu tive uma participação muito ativa em todos os partidos e movimentos que atuaram neste processo de resistência e luta contra a Ditadura.

Eu sou “paulofreirete”. Formei-me numa época anterior à Ditadura, em que nós trabalhamos muito com a alfabetização de adultos com o projeto e a perspectiva paulofreiriana. Mesmo o Paulo não estando aqui, depois que ele partiu para o exílio, nós fundamos o Move, Movimento de Educação, que era um grupo de estudantes universitários ligados à USP, à PUC, e nós tínhamos a iniciativa de fazer campanhas de alfabetização. Fizemos alfabetização em Ubatuba, em Cananéia [cidades do litoral de São Paulo], em vários bairros da periferia de São Paulo, Osasco, Vila Helena Maria. Fizemos trabalhos de alfabetização durante o período de 65 até 69. Continuamos a fazer alfabetização mesmo durante o primeiro período da Ditadura, até que a ela endureceu bastante.

Isto explica a minha opção não só por um trabalho de educação ao nível das classes subalternas e emancipatório, mas porque depois no final dos anos 60 e começo dos anos 70, nós estávamos muito próximos do movimento sindical, do movimento operário. Fui perceber a importância que a educação tem na perspectiva emancipatória.

 

Educação
 

Quando o Barelli [Walter Barelli] me convidou para atuar no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no final da década de 70, justamente o meu interesse era ver: “Como será que dá para utilizar o método Paulo Freire sem ser em alfabetização, mas com temáticas ligadas ao interesse da formação?” Foi por aí que eu entrei nesse debate, para esse trabalho de formação sindical junto com o Miguel Huertas.

O movimento sindical teve conjunturas bastante diferentes. Junto ao movimento popular, esse trabalho de educação era um trabalho muito subterrâneo, arriscado, por causa da conjuntura político-militar. No movimento sindical, boa parte desse trabalho também tinha que ser feito assim, não se podia dar nome aos bois. Certas temáticas não podiam ser discutidas abertamente. Você fazia todo um trabalho crítico, mas dentro de certos limites porque também existia o controle sindical.

Por outro lado, o final dos anos 70 foi um período de renovação dos sindicatos oficiais. Você tinha um movimento de oposição sindical muito forte e o pessoal que fazia educação sindical junto a esse movimento de oposição era bem mais radical, do ponto de vista de discussão temática, vamos dizer assim, do que o que a gente podia fazer no sindicato.

Você tinha três tipos de tensões associadas a limites: uma dentro do próprio movimento, principalmente no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em que movimento de oposição sindical era fortíssimo e você tinha outros grupos de educação trabalhando junto ao movimento operário e à classe operária do setor metalúrgico. Você tinha uma tensão interna, dentro do próprio movimento sindical porque os grupos mais conservadores, dirigentes mais conservadores, não gostavam do nosso trabalho de educação, pois isso fazia emergir, obviamente, novas lideranças, fazia emergir contestações. E você tinha uma tensão na sociedade civil, tinha uma Ditadura instaurada com todos os seus controles.

Era um terreno bastante complicado para se atuar. Foi por esse motivo que eu me lembro que o Barelli e o pessoal do DIEESE fez, antes de criar a sua escola sindical, três seminários e encontros nacionais com as entidades filiadas, em 80, 81 e 83 justamente para discutir qual seria o papel do DIEESE nesta área.

Porque o DIEESE sempre teve um papel importantíssimo, mas do ponto de vista de consultoria econômica e de levantamento de dados, pesquisa, estatísticas e consultoria econômica. Agora, na área de educação, numa conjuntura com essas tensões a que eu me referi, ficava difícil, de repente, criar uma escola sindical no seio do DIEESE, que foi sempre uma entidade intersindical, com todas as tendências, com todas as correntes dentro. Interessante, mas tenso.

 

Educação/Metodologia
 

O DIEESE sempre teve uma atuação diferenciada na proposição, no desenvolvimento de seminários e de encontros, muito orientado pela Lurdinha Barelli, que sempre trabalhou com grupos e com dinâmica de grupo. Muitos dos encontros e seminários que se faziam no DIEESE, já eram dentro de uma perspectiva participativa que não eram dentro de uma metodologia paulofreiriana, mas que já contemplavam essa participação e eram bastante diferenciados daquela perspectiva do palestrante que vai e fala.

Era com discussão em pequenos grupos, depois os grupos apresentavam as conclusões, fazia-se uma síntese. O DIEESE desde a época do Barelli, que eu acompanhei mais, quando fazia atividades, encontros, seminários, congressos já tinha essa preocupação. Eu acho que nós, com o tempo, vamos aperfeiçoando, mas essa metodologia não fui eu que criei dentro do DIEESE. O DIEESE já tinha e com o tempo nós fomos aperfeiçoando.

O que eu acho de novo que nós introduzimos, foi que teria um grupo que faria formação sindical, educação sindical. Isso foi a partir de 1984, que se constituiu um grupo, que eu gostaria até de mencionar os nomes das pessoas: Solange Bastos, Silvia Maria Manfredi, Ademar Sato, no início a Azuete Fogaça, que ficou dois anos, Joelzito [Joel Zito Almeida de Araújo] e Francisco Sales, o Chicão. Um grupo interdisciplinar: sociólogos, pedagogos, economistas. A coordenação do grupo, da escola, no início, era feita pelo Dirceu Huertas. Este grupo interdisciplinar teve por atribuição, de acordo com a determinação dos encontros e seminários nacionais, fazer um curso de formação de formadores para a educação sindical.

É aí que eu entro, e acho que junto com, basicamente, Solange Bastos, uma especialista na área de análise institucional e de trabalho com grupos, é que construímos uma metodologia diferente, mais ou menos inédita no Brasil na época. Ninguém trabalhava com formação de formadores, o pessoal trabalhava mais direto com o educador, o formador, com os grupos de trabalhadores ou com os dirigentes. Nós fizemos, então, esta construção.

Aí há uma criação que é difícil de resumir: os cursos de formação de formadores. Do ponto de vista temático, trabalhávamos todos, por exemplo, “o que é educação?” “o que é educação do trabalhador?” Partindo de uma perspectiva de o trabalhador perceber como se dá a educação na vida, na escola, no sindicato, nos espaços sociais. Depois tentávamos desenvolver o que nós chamamos de uma metodologia da reflexão / ação. Nós demos esse nome porque não se podia dar outro.

A idéia era então para desenvolver, para prepará-los, para iniciá-los. Porque não dá para preparar num curso só, nessa perspectiva metodológica que seria a metodologia da ação / reflexão ou metodologia dialética. E, de como eles podiam se apropriar deste enfoque metodológico para poder analisar questões e problemas das temáticas do dia-a-dia, temáticas ligadas à história, à economia do trabalho.

Nós percebemos que só trabalhar a questão da metodologia em termos gerais era muito pouco. Precisava fazer o exercício de aplicar essa metodologia a grandes temas específicos. Nós fazíamos um segundo nível; chegamos a fazer até um nível 3, com temas específicos ligados às questões conjunturais e de interesse do movimento.

Por exemplo, nós tivemos no nível 2 -i na época da elaboração da nova Constituição - o tema sobre a Constituinte. Nós fazíamos alguns “nível 2” interessantes, com temáticas econômicas, sobre todos os pacotes econômicos que saíram na época. Sobre História, nós fizemos um de história do movimento sindical. Intervenções temáticas de Negociação Coletiva, nós trabalhamos muito.

Mas eu acho que a grande experiência que fiz, foi a minha vivência no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Deu-me uma base para poder fazer essa adaptação. Na universidade se discute muito, método dialético, método de reflexão e ação, mas o que quê é isto quando você trabalha, operacionaliza, trabalha isso com um grupo concreto de trabalhadores? Acho que essa experiência me deu a possibilidade de trabalhar com esse grupo interdisciplinar. Solange Bastos com sua contribuição, que acho que é fundamental, toda a experiência dela. Ela vinha do GETEP [Gestão em Educação Profissional ligada ao SENAI-DN], tinha trabalhado com a Lurdinha [Lurdes Barelli], com grupos populares na área de trabalho de grupo, dinâmica de grupo. E a outra experiência com o grupo de educação popular da URPLAN, a que eu me referi, que era todo um trabalho de pesquisa, mas era uma pesquisa que estava na ordem do dia. Eu me lembro que fizemos um caderno sobre a primeira grande greve de São Bernardo, sobre oposição sindical metalúrgica. Acho que tem toda uma pesquisa que os trabalhadores eram os protagonistas, davam depoimentos.

A partir daí, nós montávamos os cadernos e todo esse trabalho de produção de textos vem dessa experiência. Eu aprendi, nesse processo, a trabalhar ao mesmo tempo a linguagem da academia e como se faz a conversão para uma linguagem mais do cotidiano do trabalho, do trabalhador. Este movimento eu aprendi a fazer.

Meus livros têm uma linguagem acessível, não tão acadêmica, fechada, sem ser superficialmente senso comum, mas porque eu mesma, por opção, até hoje, acho que eu tenho que escrever para que as pessoas me entendam. Sem o “sociologuês”, o “economês” ou “pedagogês”.

 

Educação/Formação Sindical
 

A escola sindical do DIEESE começou a funcionar na época em que se fundou a CUT [Central Única dos Trabalhadores], se não me engano a CUT é de 83. Aí, então, outras tensões começaram a aparecer porque as centrais queriam ter seus departamentos e criar suas escolas, seus departamentos de formação sindical. Eu me lembro, que foi uma época em que o DIEESE todo passou a rediscutir qual seria a função dele nesse processo de diversificação, de construção das centrais, dentro do movimento, que a escola deveria continuar com um papel diferenciado.

E foi justamente nesse período que eu saí de lá. Em 88, voltei para a UNICAMP por razões pessoais.

 

 

Importância do Dieese

 

 

Eu tenho não só uma estima e admiração pelo DIEESE. Eu acho que ele tem uma importância histórica dentro do movimento sindical e do ponto de vista das pesquisas que ele faz. Na década de 80, a criação da escola, para mim, foi uma coisa muito significativa dentro do movimento para impulsionar, para ajudar o movimento a dar alguns saltos qualitativos. Também acho que na década de 80, o DIEESE cresceu muito. Diante de todos esses novos desafios, a redemocratização, a construção das centrais, os contatos, inclusive, com o movimento sindical internacional, que abriram portas, porque antes não se podia. Acho que foi uma época de efervescência e de crescimento interno muito grande, dentro do movimento do DIEESE, com muita, muita criatividade. E acho que se expandiu pelo Brasil inteiro, então ele continua sendo do meu ponto de vista, uma referência para o movimento sindical.

E acho que é uma entidade que - apesar de haver hoje sete [centrais sindicais] no Brasil - ainda continua sendo uma entidade que consegue congregar e manter certa unidade em alguns temas. Veja, por exemplo, neste projeto do Ministério do Trabalho, hoje, sobre a certificação profissional. O DIEESE conseguiu juntar as várias centrais e elas elaboraram um documento único de análise da proposta e de apresentação de alternativas, de emendas e de reformulações ao documento oficial. Acho que ele continua sim, sendo uma grande referência.

 

 

Futuro do Dieese

 

 

O DIEESE eu sei que ele fez, continua fazendo uma série de atividades, mas o setor de educação do DIEESE, atualmente, eu não estou acompanhando de perto. Eu não poderia dizer do DIEESE, eu posso dizer da educação em geral, da educação sindical e da formação em geral. Eu acho que o final dos anos 70 até meados dos anos 90, o movimento sindical - eu não me refiro só à CUT como central - fez um esforço muito grande de construir setores, departamentos de formação sindical ou educação sindical.

Nos anos de 95 e 96, eu acho que teve uma queda, e acho que é mais ou menos geral. Eu acho que teve uma queda, muito mais por razões financeiras, falta de recursos, porque fazer educação sindical precisa ter gente especializada, precisa ter formadores, precisa investir muito, e eu acho que nem sempre os dirigentes investem recursos em educação sindical do jeito que deveria ser feito. Em meados dos anos 90 há uma crise no movimento sindical, com relação à formação sindical, deixa-se de investir muito por conta do quê? Por conta, um pouco da mobilização feita em torno da educação profissional do Planfor [Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador] na gestão Fernando Henrique [Cardoso – ex-presidente da República]. Muitos sindicatos passam a fazer formação profissional, muitas centrais esquecem um pouco a formação sindical e a coisa fica de novo um pouco dicotomizada. Fazer formação sindical é só para o dirigente e para o trabalhador, nós vamos fazer educação profissional.

Acho que um pouco do que nós estamos vivendo hoje é o reflexo dessa dicotomização, ou então a importância de se fazer a complementação de escolaridade, que é fundamental, mas também pode se fazer junto com formação sindical. E são poucas pessoas que têm essa dimensão hoje, e em todos os fóruns de movimento sindical que eu vou, eu falo. Não estou dizendo nenhuma novidade, é uma crítica que eu faço desde o início dos anos 90.

No geral, acho que houve um declínio das atividades de formação sindical no interior do sindicato de qualquer tendência, de qualquer corrente. Isso, em minha opinião modesta, criou problemas na formação de novos quadros. Se nós, nos anos 80, tínhamos muitos quadros, muitos dirigentes que se formavam na luta, com todas as diferentes conjunturas, nesse processo de globalização e tudo o mais, tornou-se mais difícil.

 

Avaliação/Dieese
 

Os cursos de formação de formadores eu acho que foi a experiência mais exitosa, e não só exitosa, foi uma experiência que se expandiu pelo Brasil inteiro. Em alguns sindicatos grandes, por exemplo, nós chegamos a implantar essa experiência, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e no Sinttel [Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações] de Minas Gerais e no Sinttel do Rio de Janeiro, só pra citar alguns grandes sindicatos. Espraiou-se e se estendeu para as escolas das centrais, as escolas da CUT, a escola da Força Sindical também, na época tinha gente que participava dos cursos do DIEESE de formação de formadores. Acho que nós, realmente, contribuímos não só para formar a opinião favorável à formação de formadores. Construímos um grupo de formadores que hoje estão nas escolas e nas estruturas de formação do movimento sindical e também dentro do Ministério do Trabalho, de outras prefeituras.

Essas experiências de formação de formadores foram a grande marca. Fora isso, eu acho que, claro, o DIEESE sempre fez seminários, encontros temáticos, congressos, também, numa perspectiva participativa, que eu acho que também foi uma outra coisa que ele deixa como contribuição histórica para o movimento sindical. E uma coisa muito boa que nós começamos a fazer também nesta escola e que aí, infelizmente, não foi para frente, ficou como uma experiência pontual, foram os materiais didáticos. Nós chegamos a produzir caderninhos, textos, filmes interessantes para serem utilizados. Lembro-me de um filme de História que nós fizemos com depoimentos, muito interessante. Dois ou três filmes que fizemos, material audiovisual, porque ao mesmo tempo em que nós estávamos pensando a estrutura do curso de formação de formadores, pensamos também nos materiais e nos recursos didáticos que poderiam ser utilizados por esses formadores.

Nós chegamos a fazer alguns materiais muito interessantes, sempre com essa nossa proposta metodológica de partir do trabalhador, das representações dos trabalhadores, depois ampliar e isso foi uma experiência que ficou com alguns materiais significativos e pouco conhecidos, mesmo pelo pessoal do DIEESE hoje. Esse mesmo texto de metodologia da reflexão e ação foi uma construção minha e do Ademar Sato, e depois com a contribuição dos outros da equipe, acho que hoje em dia eles são muito pouco conhecidos dentro da própria equipe do DIEESE.

 

 

Avaliação/Projeto Memória

 

 

Estou emocionada. Eu sempre dizia que já faço parte de uma história. E fazer parte da história do DIEESE, do movimento, eu sinto uma satisfação interior muito grande e, ao mesmo tempo, uma tristeza, significa que estou ficando velha. Mas, brincadeiras a parte, eu acho que a minha participação na escola do DIEESE e no DIEESE foi uma experiência indescritível, muito importante tanto do ponto de vista pessoal, como do coletivo. Enquanto a equipe funcionou foi uma coisa muito boa, tenho lembranças muito boas e acho que me enriquece muito pessoalmente.

 

 

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