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Antonio Carlos dos Reis

antonio_carlos_dos_reisHistória de Vida

Identificação

Meu nome é Antonio Carlos dos Reis, nasci na cidade de Álvares Florence, no dia 1º de março de 1950.

 

 

Família

 

 

Meu pai chamava-se João Balbino dos Reis e minha mãe chamava-se Anunciata Azinari dos Reis. O meu pai era alfaiate e a minha mãe era dona de casa. Tenho três irmãos: João Carlos, José Otávio e Nelson, esses dois últimos falecidos.

 

 

Infância

 

 

Vim para São Paulo aos 10 anos de idade, em 1960. Fui morar no bairro do Tucuruvi, na Rua Cintra, número 5, naquela época. Hoje é Rua Ministro Kelly. Jogávamos bola na rua. Era uma rua sem asfalto. Lembro-me dos vizinhos, de todas as pessoas que lá iam. No fim da rua ainda passava o trem da Sorocabana que ia para Guarulhos. Era um trem subúrbio, o famoso “Trem das Onze”, da música de Adoniran Barbosa.

Tenho poucas lembranças da época em que morava no interior, até isso foi antes dos meus dez anos. Mas tinha a escola, brincadeiras, futebol, no interior tem muito de a gente ir nadar no rio, pescar, essas coisas. Mudando pra São Paulo já vieram as dificuldades e eu ainda estava cursando o 4.º ano primário no Grupo Escolar Silva Jardim, que fica na Avenida Tucuruvi e existe até hoje.

Na parte da tarde, me dedicava a pequenos trabalhos pra ganhar alguns trocados para poder ir à matinê, já que a nossa renda não permitia. Ah, eu assistia muitos seriados. Seriado do Batman, do Zorro, do Mandrake, Roy Rogers, esses seriados. Eu fazia questão de acompanhar. Muitas vezes ia ao matinê, no Cine Fidalgo, que fica na Rua Guapira, simplesmente para assistir ao seriado. Terminado o seriado, saía, ia pra casa para outras atividades.

Jogávamos bola quase todos os dias. Também andávamos de carrinho de rolimã. Ali perto tinha uma rua, asfaltada, fazíamos os carrinhos de rolimã de tábua. Até que um dia mamãe me pegou no carrinho e picou-o todo com o machado porque alguém havia sido atropelado pelo carrinho de rolimã.

O que marcou muito na minha infância, infelizmente, não foram bons momentos. A perda do meu pai, com oito anos de idade, e a perda da minha mãe, com quinze anos de idade foram coisas muito tristes. Quando eu perdi o meu pai,, o meu irmão mais velho de dezessete anos e a minha mãe assumiram as responsabilidades. Financeiramente, foi muito difícil. Quando mudamos pra São Paulo, meus três irmãos mais velhos começaram a trabalhar e a sustentar a casa. Depois faleceu minha mãe e eu não tinha uma amizade, uma afinidade muito grande com meus irmãos, sempre teve umas rusguinhas.

Eu tinha uma visão um pouco diferente do que era a vida, mas era garoto e eu fui morar sozinho, na rua. Tive que passar algum tempo dormindo em caminhão, porque trabalhava na feira e dormia no caminhão da feira. Muitas vezes dormi fora do caminhão, na rua mesmo. Passava as necessidades de um jovem que não tem uma estrutura familiar. Eu não era uma pessoa de má índole, não tinha vícios, não tinha problemas de desvio de comportamento etc. Até que um dia, alguém me viu e fui morar na casa de uma família até o meu casamento.

Formação Acadêmica

Não estudei, mesmo porque, quando terminei o primário, as dificuldades financeiras eram muito grandes. Cheguei a entrar pra fazer o ginásio, mas não permaneci porque tinha que trabalhar. Quando ainda tinha minha mãe viva tinha que ajudar a minha família. Também não tinha uma orientação do meu pai que me obrigasse realmente. Quando gente é garoto quer mais é empinar pipa, jogar bola e não dá muita atenção à responsabilidade de pensar no futuro e de que o estudo vai fazer falta. Então, eu não tive muita oportunidade de continuar o estudo.

Mas me lembro da professora Vicenta, do professor Rubens, da professora Teresa que foram os meus mestres e daquilo que acontecia dentro da escola, principalmente no último ano, no 4.º ano primário, que foi no Tucuruvi. Lembro do que consegui, no pouco tempo que fiquei no ginásio. Tinha amigos, colegas, muitas farras, muitas brincadeiras, namoradinhas. E eu não posso reclamar. As garotas gostavam de mim. Não sei o que é que acontecia, mas elas eram chegadas e eu tive bastante namoradinhas.

 

 

Família

 

 

No dia 15 de outubro de 1977, casei-me com Marlene Gomes dos Reis. Ela passou a chamar-se dos Reis, e estamos casados há 29 anos, temos três filhos, o Marco Aurélio dos Reis, mais velho, a Leandra Shirlei dos Reis e o Sandro Augusto dos Reis. O meu filho mais velho tem 28 anos e trabalha numa empresa terceirizada no ramo de eletricidade. Ele é formado em Administração de Empresas e está buscando um caminho para utilizar o diploma universitário que conseguiu, o que não é fácil. Mas vai chegar lá. A Leandra já se formou também, é médica veterinária. Está fazendo dois anos de residência pra depois seguir o seu rumo. E o Sandro, o mais jovenzinho, 26 anos, está fazendo faculdade, está agora no primeiro ano porque não queria ir para uma faculdade. Ele está fazendo Recursos Humanos.

É muito difícil combinar a vida familiar com a vida sindical. Mas tendo uma esposa compreensiva que sabe que você está num trabalho, que você fica ausente no lar, você consegue manter a família unida. Ela assume a responsabilidade da educação dos filhos, assume a responsabilidade de dirigir o lar. Temos muita conversa, muito respeito, muito carinho. E eu, graças a Deus, soube conduzir dessa maneira minha família. Hoje somos muito amigos, meus filhos são meus amigos, conversamos sobre tudo. A minha participa muito da minha vida. Ela não gosta do sindicalismo, não gosta de política, mas entende que o marido que tem vive pra isso. Procuramos conversar bastante, mostrar aquilo que estamos fazendo, com muita transparência, da forma que sempre fiz em todas as minhas atividades.

Trajetória Profissional

O meu primeiro trabalho foi aos onze anos, numa sapataria. Eu engraxava sapato, batia sola, enfim ajudava no acabamento dos consertos dos sapatos. Naquela época era muito comum, consertar o sapato. Pôr sola, salto, tanto no sapato masculino, como no sapato feminino. Depois fui trabalhar nas Casas Pernambucanas, fui ser empacotador, já com 12, 13 anos de idade. Mas o meu primeiro emprego, com Carteira de Trabalho registrada - porque na época os pais tinham que pedir autorização para o Juizado de Menores pra gente trabalhar - foi na Companhia Litográfica Ipiranga. Essa empresa que existe até hoje, é do Grupo Folha. E lá fui trabalhar de office-boy. Eu não suportava ficar preso dentro de uma sala, ficar preso dentro de uma fábrica. Então, ser office-boy era, para mim, a liberdade. Foi muito bom. Adquiri conhecimento na empresa para poder ter experiência profissional e me deu “alguma bagagem”. Conheci muito a cidade de São Paulo em 63/64. Travei muitas amizades. Eu gostava de andar na rua, ver gente. O que eu não gostava era das filas de banco. Eu saía com aquele pacote de duplicatas pra pagar, com cheques, enfim, e tinha que ficar um tempo enorme esperando um outro office-boy, que estava na sua frente, pagar tudo aquilo. Eu não gostava muito de ir a bancos pela responsabilidade de andar, muitas vezes, com dinheiro vivo, com cheques e também por ficar numa fila esperando as outras pessoas fazerem os pagamentos, os acertos, pra depois eu fazer esses acertos. Agora, no geral era tudo bom: entrar nas empresas, levar correspondências, contratos, coisas assim.

Fiquei lá até os 14 pra 15 anos. Eu ganhava, na época, cinqüenta cruzeiros, o que era o suficiente pra pagar o ingresso da matinê pra mim e pro meu irmão mais velho que é o Nelson, porque sem ele minha mãe não deixava ir. Eu trabalhava a semana inteira pra pagar a matinê, a minha entrada e a entrada do meu irmão, pra que a gente pudesse assistir os seriados do Batman, do Roy Rogers, enfim, do Zorro, aquelas coisas todas. O Zorro faroeste, o Zorro do índio Tonto, que era o parceiro do Zorro, não o Zorro da espada mexicana. Eu pagava a entrada do cinema do meu irmão, porque ele que também já trabalhava, entregava o salário diretamente para a minha mãe para as despesas da casa como alimentação e aluguel. Aí perdi a minha mãe e a coisa se desenrolou de uma outra maneira, até servir o Exército. Depois de servir o Exército tomei um caminho mais responsável.

Já que eu não tinha casa, roupa, e comida, a idéia era permanecer no Exército. Eu fiquei um ano e pretendia seguir carreira. Mas, infelizmente isso não foi possível, porque eu não gostava de ficar aceitando muitas ordens, eu já via o mundo um pouco diferente e no Exército você tem que seguir essa carreira. Então, não permaneci. Ao sair procurando emprego, entrei na Light Serviços de Eletricidade, na época, uma empresa privada canadense. Sem nenhum curso, fui ser trabalhador braçal. E dentro da empresa que realizei cursos pra eu seguir carreira dentro na Light e, depois, Eletropaulo. Ao entrar na empresa, tínhamos que passar por um curso chamado Recepção. Você estava sendo recepcionado na empresa e tinha que aprender algumas coisas que precisavam ser feitas e que a maioria das pessoas que entram na empresa não têm conhecimento como: se posicionar numa escada, levantar uma escada, amarrar um fio, amarrar um cabo, dar um nó numa corda, o cinto de segurança, usar o capacete, as luvas e enfim, usar aqueles equipamentos que podem ser utilizados numa rede com uma energia e outros equipamentos que tinham ser utilizados em uma rede que tem uma energia maior. Foi um curso interessante no qual aprendemos o que é eletricidade e a mexer com eletricidade. Só mesmo quem trabalha no ramo energético que tem conhecimento do que é eletricidade.

Depois do Curso de recepção, passávamos à ajudante. Então dentro da empresa fazíamos cursos de ajudante, de meio-oficial, de oficial, de trabalhar em linha viva, de trabalhar com equipamentos. Dentro da própria empresa fomos fazendo cursos, nos especializando, dentro do trabalho que a Eletropaulo se propõe. Na época era Light, a Eletropaulo só veio a se constituir em 82. Passei de trabalhador braçal, a ajudante e depois meio-oficial. Aí já não plantava mais postes. Eu já fazia construção que era equipar os postes, colocar cruzeta, transformadores, os cabos, fazer as ligações. Esse já era o meu serviço.

Eu era firme nas minhas decisões, mas não ficava procurando discussão. Então era mais de tirar sarro um do outro. Logo que entrei ganhei um apelido que tenho até hoje, Salim. Nas turmas, todo mundo tinha apelido, colocaram Salim e é uma referência até hoje. Acho que foi simplesmente pela fachada, pela minha cara meio de libanês, turco, pessoal do Oriente. Havia brincadeiras mas na hora do trabalho, seriedade, porque não dava tempo de brincadeira e nem de discussão. Cada um sabia a sua tarefa, sabia o que tinha que fazer. Era chegar no local de trabalho e realizar o trabalho.

Na antiga Light era muito difícil ter, por exemplo, o reajuste salarial. Havia os planos de carreira da Light que eram organizados era a própria gerência. Na maioria das vezes essas promoções não aconteciam por conta do trabalho, mas pelo fato de a pessoa ser um bom funcionário para os Recursos Humanos que era um setor “frio”. Por exemplo, uma pessoa que nunca faltava ao trabalho, que não chegava atrasado, que não tinha problema nenhum nesse sentido, se chegasse atrasado um dia, perdia a promoção e o chefe não tinha como dar. Ao passar para Eletropaulo, deixou de ser uma empresa privada, de um grupo canadense, Brascan, pra ser uma empresa estatal do Governo do Estado, aí então o sindicato interagia melhor e fazia com que os planos de cargos e salários tivessem transparência e as pessoas podiam perguntar ao chefe “Escuta, porque que eu não tive aumento, se eu sou um bom funcionário?”. Essa foi uma grande luta que eu tive para ter transparência naquilo que era feito dentro do plano de cargos e salários, já como dirigente sindical. Isso foi muito sentido, também, porque quando passou a empresa estatal, começamos a reivindicar aquilo que as empresas estatais tinham como o Banespa, a Estrada de Ferro Sorocabana, enfim as empresas que eram estatais. Nas empresas privadas não tinham os mesmos benefícios, então procuramos ir arregimentando esses benefícios pra dar aos trabalhadores.

Para a direção do sindicato essa foi uma época de grandes conquistas, como por exemplo, o adicional de periculosidade para quem trabalha na rede elétrica que passou a 30% do salário! Quer dizer, era como se uma pessoa que ganhasse mil reais hoje, com esse adicional passasse a ganhar mil e trezentos. Era um grande aporte financeiro para aquelas pessoas. Uma grande conquista do sindicato. Isso foi em 86, passamos a receber o adicional de periculosidade em 1. º de janeiro de 87. Uma grande conquista.

Cotidiano no Trabalho

Como trabalhador braçal, fui trabalhar numa turma de postes. O que é essa turma de postes? É plantar postes nas ruas. Na época houve uma expansão muito grande do serviço de eletricidade e a empresa colocava postes na periferia, e depois equipando esses postes, para colocar transformadores, os cabos para fazerem as ligações nas casas, das casas comerciais, das residenciais, nas indústrias. Meu serviço era abrir buraco e ajudar a levantar poste. Tá certo que tinha uma máquina que fazia o buraco, a broca, mas havia muitos lugares em que o buraco era feito à mão. Muitas vezes nós mesmos levantávamos o poste porque tinha muitas ruas em que, por serem estreitas, por ser uma viela, por ser uma escadaria, o caminhão que levantava o poste não tinha condições de entrar, e precisava colocar o poste lá. Desta forma saíamos “plantando postes” em São Paulo.

Era uma muito interessante, porque eu morava num local totalmente habitado, mas muitas ruas desses bairros não tinham iluminação, não tinham energia elétrica. Levar energia elétrica nessas casas era uma coisa muito gratificante, porque as pessoas ficavam muito contentes de estar recebendo a energia elétrica. Então, nós éramos recepcionados por aquela população com muita alegria e nos serviam de tudo, cafezinho, água gelada. Era uma agradável, essa troca de energia. As pessoas que estavam recebendo a energia elétrica davam aquela alegria, também e faziam com que a gente trabalhasse com muito mais carinho, com muito mais dedicação. Era uma coisa muito importante e surgiam novos loteamentos.

Hoje passo em alguns bairros que não tinham nenhuma casa, não tinham ruas e vejo-os habitados. Estão lá os postes e os transformadores que eu ajudei a colocar. Estávamos, naquela época, vendo a cidade se “abrir”, a cidade crescendo. Estávamos vendo a população da paulicéia a cada dia aumentando, pelo número de casas e de expansão de energia elétrica que tinha. Era uma coisa muito interessante, que nos deixava muito satisfeitos, também, mas assustados porque, quando a cidade cresce, começa a haver competição pelos postos de trabalho. Eu tinha essa preocupação.

Foi uma época de muita gente vindo do Nordeste, do Norte, do Sudeste, do Sul que vinha pra São Paulo em busca das oportunidades que São Paulo oferecia. Isso era pra nós era um motivo de preocupação: o crescimento da violência e o crescimento do número de pessoas querendo ocupar os postos de trabalho. A gente ficava com receio de perder o emprego. O que, graças a Deus, não aconteceu.

Mas lembro de um trabalho muito grande que fizemos no bairro de Taipas . Nosso horário de trabalho era até às 17h30 e era uma grande rede de expansão que estava se colocando no bairro de Taipas. Era um sábado, e havia muito trabalho pra fazer. Eu era solteiro, queria ir pra casa pra curtir o sábado e o domingo e nós ficamos lá trabalhando até as 7 da noite porque precisava entregar o serviço e o chefe não abriu mão de nosso horário. Fomos forçados a fazer hora-extra. Era nos anos de 1971, 72, 73, época do comando político do Brasil os militares. Os caminhões [da Light] ficavam na rua e só voltavam com a ordem do chefe, do feitor e nós tínhamos que ficar próximos do local de trabalho. Foi uma época muito rigorosa nesse sentido. Tinha muito trabalho e precisava terminar. A minha amizade era com os trabalhadores da própria empresa porque sobrava pouquíssimo tempo pra ficar com os amigos do bairro. Mesmo porque eu não tinha grandes amizades nessa época, pois eu já não tinha família. Eu morava sozinho, tinha outras responsabilidades, outras prioridades, vamos dizer assim. O trabalho era pesado e o lazer era descansar e encontrar uma namorada. Não tinha essa coisa de cinema, de parque, de ir pra lanchonete, naquela época não tinha shoppings center nem os McDonalds da vida. Então freqüentávamos o parquinho do bairro, o circo do bairro, e o campo de futebol. Jogávamos bola, no sábado à tarde ou no domingo de manhã. Eu era jogador de um clube de várzea, não de clube profissional, de clube de várzea e jogava no meio de campo. Eu era o Beckenbauer [Franz Beckenbauer] da época.

Trajetória Sindical

Meu contato com o sindicato foi já em 1979/80. Havia um diretor do sindicato, com o qual tínhamos muita amizade e, através do qual comecei a ter contato com o sindicato.

Freqüentava as assembléias, os debates das pautas de reivindicações, mas não tinha a visão de que poderia vir a ser um sindicalista. A minha idéia, o meu objetivo dentro da empresa, era crescer profissionalmente, galgar os postos, pra ter um melhor salário e buscar uma condição para sustentar minha família. Eu já era casado, com filhos, então eu pensava mais no lado profissional. Nunca pensei em ser dirigente sindical. Mas, aí, as coisas acontecem.

Na época, em 83, começou-se a abertura e foi criado na empresa, que já era Eletropaulo, o Conselho de Representantes de Empregados e as pessoas defendiam muito essa idéia dos trabalhadores participarem desses conselhos pra poder fazer com que a empresa tivesse mais transparência e para que os trabalhadores pudessem participar das decisões da empresa, já que era uma empresa estatal. Assim que eu fui começando a ter esse contato com o movimento sindical.

Por causa dos acidentes de trabalho e por conta de como as pessoas trabalhavam dentro da empresa, fui ser cipeiro. Eu questionava muito e fui convidado por um técnico de segurança para participar de uma eleição de CIPA [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes]. Como era uma pessoa muito popular, muito amiga de todo mundo, ganhei estourado. E eu via a CIPA como um instrumento de proteção ao trabalhador e os representantes da CIPA que representavam os trabalhadores não procuravam verificar se a empresa fornecia os equipamentos e as condições de trabalho necessárias aos trabalhadores. Isso me induziu a ir à CIPA e ter uma participação muito ativa em SIPAT [Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho] e a mostrar à empresa e para os gerentes que, primeiro, nós tínhamos que fornecer os equipamentos de segurança pra depois cobrar. Fui ser “cipeiro” porque na realidade as pessoas que representavam os trabalhadores [na CIPA], na época, estavam mais preocupadas com a empresa, e eu via isso como uma condição muito ruim.

E houve embates. Muitas vezes éramos obrigados a parar uma turma, com dez, doze funcionários para verificar se as ferramentas estavam em ordem. Isso atrasava o trabalho e os coordenadores não gostavam. Eu precisava verificar se as escadas estavam boas, se as cordas não estavam demasiadamente velhas, se as ferramentas não tinham se deteriorado. Isso levava praticamente meio período, porque você tinha que descarregar todas as ferramentas, os equipamentos, luvas de borracha, testar para ver se estavam mantendo a isolação normal para poder liberar a turma. Os gerentes não gostavam disso, mas nós tínhamos ordens da presidência da CIPA, e eu utilizava dessa autoridade de representante da CIPA, pra poder fazer com que as turmas saíssem com os melhores equipamentos de segurança.

Como eu era cipeiro e defendia os trabalhadores, discutia nas reuniões com os gerentes, com os encarregados, isso despertou o sindicato. Já havia uma abertura maior, o sindicalismo estava atuando mais dentro das empresas e o diretor do sindicato procurava, nos setores de trabalho, tirar de lá o representante sindical. Alguém me indicou, já que eu defendia os trabalhadores na parte de segurança, na questão social, no tratamento mais adequado: “Olha, o Salim é uma boa pessoa”. Mas eu não tinha essa visão de ir para o sindicato, eu tinha uma visão de seguir carreira na empresa. Mas as coisas foram indo e me convidaram daqui, me convidaram dali que um dia acabei sendo seduzido para ser o representante sindical no meu local de trabalho. Houve uma eleição do sindicato, ganhei com 75% dos votos e fui ser representante sindical em novembro de 86. Em abril de 87, já estava liberado para ficar definitivamente no sindicato como representante sindical, sem cargo na diretoria, mas fazendo uma assessoria à diretoria.

Como representante sindical, buscava melhores condições de trabalho e benefícios para os trabalhadores. Por exemplo, quando fui para o sindicato, a Eletropaulo fornecia refeição somente para os trabalhadores do escritório, que ficavam na Rua Xavier de Toledo e depois ficavam na Brigadeiro [Av. Brigadeiro Luis Antonio]. Os trabalhadores de campo não tinham esse benefício. Chegava a cartela de vale-refeição e o chefe que organizava. O chefe que dava o vale daquele dia. Só que chegava no fim do mês, sobrava alguns vales e o trabalhador não via. Essa foi uma briga minha dentro da empresa, para que os trabalhadores que administrassem os seus vales. Veja o absurdo, tinha um benefício e quem administrava era o gerente. E a direção do sindicato conseguiu que o vale-refeição fosse expandido pra todos os trabalhadores. Isso foi uma grande conquista.

Fiquei seis meses trabalhando e sendo representante sindical, indo à noite para o sindicato. Depois na mesma época, fui ser representante dos empregados, do Conselho de Representantes dos Empregados. Toda quarta-feira eu era liberado para o Conselho e os outros quatro dias, trabalhava normalmente.

Depois como já estava liberado na quarta-feira pela empresa, fui para o sindicato, sendo liberado direto até 89. Entre 1987 e 1989, fui assessor da diretoria, mas fazia o trabalho normal como todos os diretores, visitando as bases, verificando os problemas. Em 89, na formação da chapa, fui conduzido a um cargo já um pouco mais importante: tesoureiro do sindicato. Eu saí de eletricista de rede, de representante sindical, para ser tesoureiro ea administrar as finanças de um dos maiores sindicatos do Brasil. Depois fui vice-presidente e presidente do sindicato.

Fato Marcante

Tem um fato interessante que foi uma assembléia de Furnas Centrais Elétricas. Naquela época o governo federal não dava reajuste. Nós tínhamos uma assembléia e o presidente do sindicato estava numa reunião em Brasília, com a Eletrobrás. A pessoa responsável pela negociação de Furnas, era um diretor da executiva do sindicato em Furnas e estava no Rio de Janeiro negociando e nós estávamos realizando uma assembléia. O sindicato precisava ganhar aquela assembléia, porque era uma maneira de fazer com que a empresa atendesse o nosso pleito.

Os trabalhadores queriam fazer a greve, mas para que a gente pudesse continuar na negociação, não poderíamos fazê-la. A direção do sindicato entendeu que não podia fazer a greve, mas os trabalhadores queriam a greve. É uma coisa muito complicada isso de defender uma coisa que a maioria dos trabalhadores não quer. Eu estava dirigindo essa assembléia com outro diretor, e a assembléia praticamente já acertada, uma assembléia difícil e nós soubemos levar a opinião do sindicato. Mas o diretor que negociava em Furnas chegou com uma posição diferente daquela que estávamos colocando e a assembléia se transfigurou. Ficou totalmente diferente e pra colocar ordem na casa deu muito trabalho. Foi a primeira assembléia na realidade que eu dirigi, foi meio complicada.

Em janeiro de 87, vínhamos de uma empresa privada para uma empresa estatal, ainda tinha muita coisa que não tínhamos conquistado e precisávamos fazer uma greve. Foi uma greve muito difícil, e eu, como representante sindical, tinha que ficar no meu local de trabalho para impedir os trabalhadores de irem pra rua e também não poderia deixar o serviço de urgência parar. O gerente estava lá dentro da empresa fazendo com que os trabalhadores fossem pra rua para fazer as tarefas. Era aquele embate! Graças a Deus, eu consegui conquistar os trabalhadores e não fomos pra rua.

Mas houve um momento: 10 horas da noite, chuva em São Paulo, a Maternidade da Cachoeirinha ficou sem energia elétrica e eu tinha que autorizar as pessoas a fazer o reparo para dar energia elétrica para a maternidade, porque senão estaria colocando em risco vidas de pessoas. Eu fui obrigado a ir pra rua, embaixo de chuva, ajudar as equipes e, inclusive, executar as tarefas. Graças a Deus, foi executada a tarefa e a maternidade ficou pouquíssimo tempo sem energia elétrica. Não houve nenhum problema e fizemos o nosso papel de atender a sociedade. Porque o ofício de eletricitário é um pouco diferente de outras categorias. Eu sempre digo que precisaríamos fazer uma greve-padeiro no eletricitário. Quando as padarias entram em greve não têm pão. Mas é muito complicado, termos que manter energia elétrica em cadeias, em delegacias, nas ruas, em hospitais, em bombas de água, enfim, grandes edifícios, nos meios de transporte, metrô, ônibus elétrico. O eletricitário é uma pessoa responsável que sabe o que acontece e por isso a sociedade não sente a greve do eletricitário.

Houve também uma greve muito interessante que fizemos. Não vou poder falar certas coisas, mas vou dizer o principal. Fizemos uma greve de Furnas, em 90/91, no governo Fernando Collor de Mello. Foi uma greve de 31 dias. Em um determinado momento, fazíamos plantões dentro do sindicato, 24 horas, e numa determinada noite fomos [dirigentes do sindicato] chamados a ir ao Quartel Geral do II Exército, aqui em São Paulo. O general comandante de plantão queria conversar conosco. Na época, eu era tesoureiro do sindicato. Foi um negócio meio complicado, porque o general disse: “Vocês vão ter que acabar a greve” e nós não podíamos acabar. A greve não acabou por ordem dele, mas o general começou a dar detalhes de nossas vidas. Detalhes de tudo que nós fazíamos coisas que eu não sabia do presidente [do sindicato] e o presidente não sabia de mim e, que infelizmente, ele revelou. Quer dizer, estávamos sendo seguidos pelo Exército, era provável que os nossos telefones estivessem grampeados. Foi muito complicado pra continuarmos com a greve.

Então esse foi um momento muito difícil porque sabíamos que ao sair do sindicato para ir pra nossa casa, estávamos sendo seguidos por agentes do Serviço Nacional de Informação [SNI]. Isso nos deixou muito apreensivos, não por nossa causa, mas por conta da categoria, por conta das nossas famílias. Havia alguns atos terroristas e não sabíamos se aqueles atos terroristas praticados por pessoas do próprio governo, para incriminar os sindicalistas, como foi o caso de uma torre que derrubaram, e que nunca soubemos se foi um sindicalista mesmo que fez aquilo. Nos lembrou muito a fase da ditadura militar, não vivi isso, mas dentro já da democracia, com um presidente eleito pelo povo, nós passamos por esses momentos.

Agora, um evento que pra mim é muito importante, foi o de representar os trabalhadores no Congresso da OIT, da Organização Internacional do Trabalho. Você estar na plenária da OIT e fazer o discurso na defesa dos trabalhadores, ser o representante dos trabalhadores num congresso de tamanha magnitude, que reúne o sindicalismo mundial, o empresariado mundial e os governos mundiais, de todos os países e ter aqueles dez minutos pra você fazer um discurso, preparado (tem que ser escrito, porque tem distribuir pra todas as línguas, para ter tradução) pra mim foi um marco. Nunca passou pela minha cabeça que um dia estaria na OIT fazendo um discurso em defesa da classe trabalhadora brasileira. Esse foi um momento muito importante pra mim. Isso foi em junho de 2002.

Também tenho comigo uma viagem que eu acho de muita importância. Foi o Congresso do Comitê Sindical dos Países de Língua Portuguesa, realizado em Moçambique onde se reuniram todos os países de língua portuguesa: Moçambique, Angola, Guiné Bissau, Cabo Verde, Brasil, Portugal, Timor Leste. lá decidimos buscar meios de levar aos governos dos países do Comitê de Língua Portuguesa, uma condição de ter representatividade já que até hoje este comitê sindical não é reconhecido. Para o Brasil isso é de muita importância porque somos o maior país de língua portuguesa do mundo.

Precisamos fortalecer a língua portuguesa, por isso eu acho de fundamental importância esse Congresso que houve em Moçambique pra que começasse a buscar o reconhecimento, que não temos. Nós temos a promessa do governo Luis Inácio Lula da Silva, de discutir a questão, mas até agora não foi discutida. E eu reputo de muito interesse para o Brasil, não só para os trabalhadores, mas para a língua portuguesa. Precisamos fazer com que essa língua seja oficializada. É muito difícil, por exemplo, você ir a um congresso mundial e chegar lá e não ter tradução para o Português. Na maioria dos congressos não há tradução para o Português. No mês de novembro vai haver um congresso da CIOLS [Confederação Internacional das Organizações dos Sindicatos Livres] de fusão com a CMT [Confederação Mundial do Trabalho], e não haverá lá tradução para o Português o que é muito ruim. Tem tradução para o Espanhol, mas tem alguma coisa que é muito difícil de traduzir. Então, foi muito importante esse congresso que participei. No seguinte, que foi aqui no Brasil, fui eleito presidente do Comitê Sindical dos Países de Língua Portuguesa.

 

 

Centrais Sindicais

 

 

Quando foi fundada a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), nem representante sindical eu era. Foi em 1986, era Central Geral dos Trabalhadores. Mas, passou a ser Confederação Geral dos Trabalhadores, porque era uma política na época representar as Confederações como um todo. Essa foi a idéia, mas não vingou porque não foi a maioria das confederações que vieram para a CGT. Eu participei do congresso da CGT em 89, ano em que fui ser tesoureiro do sindicato Só vim a ser dirigente da CGT em 1996, tendo participado de uma diretoria de meio ambiente. Eu participava de algumas reuniões que tratavam de meio ambiente e não são muitos os movimentos de meio ambiente que uma central participa. Depois, assumi realmente a presidência da CGT, em 99. Foi muito complicado, porque eu como dirigente de um sindicato, via a minha categoria, via o eletricitário, e como dirigente da CGT, de uma central sindical em nível nacional, tenho que ver todas as categorias. Eu tenho que ver o bancário, eu tenho que ver o metalúrgico, eu tenho que ver o químico, eu tenho que ver o trabalhador rural.

Quer dizer, tem que ter uma visão muito mais ampla e isso deu muito trabalho no início. Houve uma negociação com os bancários, eu tinha uma visão eletricitária. Essa negociação foi em nível de nacional. Banco do Brasil, Caixa Econômica, enfim, os bancos privados também. Numa negociação, eu fui dar uma orientação, mas eles falavam: “Escuta, de compensação bancária você não conhece nada. Então, deixa que nós falamos”. E é verdade, nós temos que dar uma visão geral, mas não podemos entrar no detalhe. Por exemplo, numa negociação marítima o que quê eu faço? Eu tenho que ouvir os companheiros marítimos. Como é o trabalhador fora das 200 milhas marítimas? Que legislação que ele tem que atender? Precisamos ter a visão de um marítimo lá dentro pra poder negociar. Eu posso fazer uma negociação em nível geral, olhando o trabalhador brasileiro, tudo, as melhores condições de trabalho, mas, lá dentro, vamos deixar pros marítimos cuidar que eles têm mais competência pra isso.

Eu acho que a grande competência de um dirigente sindical é saber o momento de entrar numa negociação e o momento de sair da negociação. Você pode entrar pra dar um impulso maior com seu peso político, do que com a sua habilidade do dia-a-dia daquele trabalho. Se eu nunca entrei num navio, num cargueiro, que palpite eu vou dar? Então, são situações que você tem que ter competência pra saber ajudar na negociação sem entrar no detalhe do dia-a-dia do trabalho.

Avaliação/Dieese

Antes de ser representante do sindicato, eu não sabia do DIEESE. Quando fui para o movimento sindical, começamos a ouvir falar do DIEESE. Agora, efetivamente, eu fui tomar conhecimento do DIEESE quando passei a ser tesoureiro do sindicato, porque o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo é um dos fundadores do DIEESE, e pagava a mensalidade. E aí eu quis saber mais detalhes. Porque que nós tínhamos que pagar o DIEESE? Como todo tesoureiro que chega, quer saber aquilo que está se pagando. Foi aí que eu comecei a entender mais do DIEESE e, a partir daí, em todas as minhas palestras, em todos os momentos em que estou falando com os trabalhadores brasileiros eu falo da importância do DIEESE. O DIEESE é uma entidade de prestígio internacional e que o movimento sindical não pode nem pensar em perder uma instituição com a credibilidade que o DIEESE tem em nível nacional, tanto em nível sindical, em nível governamental, e também a nível internacional.

 

 

Técnico X Sindicalista

 

 

É muito difícil colocar um político e um técnico pra discutir. Porque o político tem a visão política e o técnico, é técnico. Então, a relação é conflitante, porque o técnico tem que elaborar um trabalho que o político tem que desenvolver. Nós temos que ter a capacidade de saber conversar com os técnicos colocar pra aquilo que nós queremos do DIEESE, e os técnicos terem a capacidade de transmitir pra nós aquilo que nós precisamos.

Geralmente, o movimento sindical faz muita questão da pesquisa da inflação, que a gente procura sempre utilizar o índice do DIEESE e tem vezes que o índice do DIEESE não é tão favorável pra nós. Mas é um índice, que é a bandeira. Uma outra questão é a taxa do desemprego que é medida de uma maneira pelo IBGE, e de um jeito pelo DIEESE, mas faz parte do processo democrático que nós temos que conviver.

 

 

Importância do Dieese

 

 

O DIEESE é fundamental para o movimento sindical. É importante sabermos o que está acontecendo nas outras categorias, os benefícios, os acordos, os avanços. O DIEESE oferece ao movimento sindical pesquisas sobre inflação, enfim, todas as pesquisas, além da assessoria. Precisamos aprender a utilizar melhor o DIEESE.

Por isso, acho que o DIEESE precisa ser mais divulgado. Entendo as fragilidades que o DIEESE tem para essa divulgação, mas o movimento sindical precisava conhecer mais o DIEESE, participar mais efetivamente e colaborar mais para que possamos ter mais condições de avançar nas negociações coletivas.

Eu entendo que as centrais sindicais devem divulgar mais o DIEESE. Deveriam levar para todos os congressos, para todos os Estados, informações sobre o DIEESE. Mas é muito difícil para a central sindical levar essas posições do DIEESE porque o Brasil é um país continental. Vamos pegar um exemplo aqui: eu saio de São Paulo pra fazer uma palestra em Belém do Pará e tenho que levar tanta coisa de informação da central, do que está acontecendo que o tempo pra falar sobre o DIEESE é escasso e aí eu não consigo transmitir.

Precisaríamos encontrar um meio de o DIEESE ir a todos os congressos das centrais sindicais. Em nível nacional o DIEESE já vai aos Congressos Nacionais da CUT, da CGT, da Força Sindical etc. Mas não vai, aos regionais como, por exemplo, ao Congresso da CGT do Pará, pra falar aos paraenses,, ao de Alagoas. Há um ano atrás eu fiquei muito feliz de participar de um evento do DIEESE em Salvador, na Bahia.

E eu vejo que a grande maioria da sociedade são trabalhadores. E é aí que eu vejo que se houvesse divulgação do DIEESE nos Estados, a sociedade ficaria sabendo mais. Quantos trabalhadores existem dentro da sociedade brasileira? Cento e setenta e cinco milhões de trabalhadores. Vamos excluir aí um terço de crianças, mais um pouco de pessoas aposentadas e os aposentados também são trabalhadores. São trabalhadores aposentados. Então, o que entendo e sei das dificuldades financeiras que o DIEESE passa, não estou cobrando, mas o DIEESE precisava participar mais dos congressos das centrais sindicais em cada estado brasileiro. Sempre que uma central sindical fosse realizar um congresso em Rondônia, no Acre, na Paraíba, no Rio Grande do Sul, deveria ter uma palestra do DIEESE para mostrar para todo o movimento sindical daqueles estados o que o DIEESE faz e como o DIEESE poderia ajudar o movimento sindical do Brasil. Desta forma a sociedade ficaria sabendo um pouco mais do DIEESE. Infelizmente, hoje em dia, uma grande parte da sociedade brasileira, não sabe nem o que significa sindicato. Isto é lamentável.

Desafios

O DIEESE é uma instituição muito experiente e que tem condições de representar o movimento sindical brasileiro. Mas o maior desafio é fazer com que a sociedade saiba da seriedade do trabalho técnico eficaz que o DIEESE presta para todo o Brasil. Esse é o grande desafio e nós haveremos de chegar lá.

O Congresso Nacional deveria votar um orçamento para que o DIEESE pudesse ser uma instituição que tivesse liberdade de ação e pudesse expandir mais os seus serviços, o seu trabalho e fazer com que as empresas o usassem mais como parâmetro de negociação, como parâmetro de uma condição do trabalhador e do empresário sobreviver buscando os melhores caminhos para o Brasil.

 

 

Avaliação/Movimento Sindical

 

 

Uma coisa que eu sempre disse dentro do movimento sindical e que isso tem que ser levado pra vida é a unidade. Sem unidade você não consegue nada. Dentro de uma família, não posso ter o “projeto eu”, temos que ter o “projeto nós”, a família. No movimento sindical é a mesma coisa, você não pode ter um “projeto eu”, você tem que ter o “projeto nós”, já que somos uma coletividade. Então, o ensinamento que o movimento sindical me dá é que a unidade de ação, em todos os sentidos, faz parte e é primordial para que nós consigamos atingir os nossos objetivos.

A minha grande utopia é ver a unidade do movimento sindical brasileiro. Nós vivemos em uma condição em que o Brasil tem muitas centrais sindicais antagônicas. O meu grande sonho é ver o movimento sindical fazendo uma unidade em torno do Brasil, em torno dos trabalhadores pra que tenhamos uma sociedade mais justa. Se nós um dia, conseguirmos juntar todo o movimento sindical, teremos essa sociedade mais justa.

Infelizmente, dentro daquilo que eu vejo hoje, não conseguirei passar por esse momento. Mas eu acredito que os trabalhadores no futuro terão mais unidade de ação, terão mais condições de buscar essa sociedade mais justa que queremos pra todos nós.

 

 

Avaliação/Projeto Memória

 

 

Eu fico muito feliz. Quero agradecer ao DIEESE e as pessoas que estão fazendo esse trabalho. Eu acho de suma importância esse trabalho, que poderá ser colocado para toda a sociedade brasileira. Fico feliz de poder ser uma das pessoas que estará a disposição de todos os brasileiros pra buscar as informações que o DIEESE vai disponibilizar.

E gostaria de dizer que é importante dar esses depoimentos. São coisas que, muita gente não sabia da minha vida. Aqui, quando fui perguntado, busquei coisas que já não passavam mais pela minha cabeça. Fiz uma viagem no tempo pra poder dar a todos aqueles que irão acessar essas informações. Uma viagem de meu tempo de trabalho para o Brasil. Obrigado.

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