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Terrânia Maria Bispo

terrania_maria_bispoHistória temática

Identificação

Meu nome é Terrânia Maria Bispo, nasci em Brasília, Distrito Federal, no dia 12 de dezembro de 1968.

 

 

Trajetória no Dieese

 

 

Meu primeiro emprego foi no escritório do DIEESE situado em Brasília. A minha tia via muito as noticias do DIEESE pela TV e pelo jornal, e eu não tinha idéia do que se tratava quando apareceu essa oportunidade de trabalhar, foi a primeira pessoa a me informar disso. Falou-me que o DIEESE aparecia noticiando sobre a cesta, sobre os trabalhadores, indicadores econômicos sociais, coisas que alegava serem importantes. Num domingo à noite conversando com essa tia, e sabendo da minha vontade de arranjar um emprego, pois precisava trabalhar, me levou o jornal, tinha uma vaga para secretária, ela disse, e é no DIEESE: “Essa empresa é importante, você vai tentar trabalhar nessa empresa.” Eu disse que já não dava mais tempo, era domingo, eu não tinha nada pronto. E ela: “Ah, mais você vai tentar.” Na segunda-feira, levantei cedo e fui, não tinha currículo, não tinha nada, não tinha me preparado para isso, mesmo assim eu fui tentar. Foi bem curioso, quando cheguei ao DIEESE, no mesmo prédio onde ficava o Sindicato da Construção Civil não gostei muito; não do estacionamento; achei o prédio estranho, o local que o DIEESE se encontrava era uma sala muito pequena, mais estranho ainda, pois fui comovida pelas idéias de importância e grandeza tecidas pela minha tia sobre aquela “empresa”. Quem me atendeu foi o Cássio, na época o supervisor do escritório de Brasília. Eu disse: “Vim por causa do anúncio, mas não tenho currículo, não tenho nenhuma informação. Só vi o anúncio ontem à noite.” Ele, gentilmente disse: “Vá ali à papelaria, compre um formulário, preencha e me entregue.” E assim fiz. Foi muito importante, algo que talvez estivesse escrito nas estrelas. Posteriormente, entreguei o currículo, depois de ter feito a prova. Aquele currículo (formulário)da papelaria.

No escritório éramos quatro pessoas: Cássio o supervisor; Max Leno o auxiliar técnico; um pesquisador da Cesta básica; e eu como secretária. Hoje o trabalho é dinâmico, todos os dias acontecem várias coisas diferentes. No inicio foi muito difícil, era meu primeiro emprego, não tinha experiência, não tinha idéia do que era ser secretária de uma instituição como o DIEESE, e muito das coisas hoje que uso no meu trabalho são frutos de todo o meu empenho e a minha organização do início. Quando cheguei ao escritório do DIEESE tinham muitas caixas com papéis. Abri uma dessas caixas, tinham muitas documentações importantes: atas, atas de fundação, de reuniões, de demandas, de decisões, lista de presença, de eventos diverso e importantes , de inauguração do escritório, de abertura de contas, de registros então comecei a organizar em temas. Existiam muitas coisas a serem feitas. Um arquivo, por exemplo, onde pudesse conter essa documentação e que as pessoas pudessem consultar quando quisessem de forma fácil.

No meu dia a dia faço várias coisas atribuídas a uma secretária: recebo e controlo ligações telefônicas, trio chamadas, anotando e transmitindo recados encaminhamento das pessoas aos contatos adequados pautas com a diretoria tanto nacional e regional, cuidados com a biblioteca, bibliografia, recebe e deposita pagamentos de mensalidades e contratos diversos, de entidades sócias, verificando valores e emitindo recibos, bem como contatando associados, intermediando negociações de débitos entre estes e o DIEESE, atualização de cadastros, a parte contábil, financeira compras, arquivos. Exerço uma função de fiscalização da pesquisa da cesta básica com pesquisador, encaminhamentos dos assuntos do administrativo junto ao escritório nacional, encaminhamentos do escritório nacional no escritório regional, atas, registros de documentos, registros dessas atas com a direção regional.

Hoje (2006), somos quatro pessoas no escritório, uma pesquisadora da cesta básica, mais as subseções. São três subseções mais a PED [Pesquisa de Emprego e Desemprego] Nas subseções temos a Ana Quitéria, que assessora o sindicato dos bancários de Brasília; Max Leno, que assessora a CONDSEF - Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais; Alessandra Cadamuro, assessora a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria; e o Antonio Eduardo Rodrigues Ibarra, que coordenada a PED - pesquisa de emprego desemprego.

Pelo DIEESE de Brasília, passaram o Márcio Pochmann o primeiro supervisor do escritório - ele retornou para Campinas. De pessoas importantes nos eventos locais : o ex-ministro e ex-candidato a presidente, Sr. Cristóvão Buarque; a Sra deputada Érica Kokayi. Em outros eventos tivemos o senador Eduardo Suplicy, presidente da CGT numa certa ocasião, e algumas outras presenças em outros eventos locais.

 

Avaliação/Dieese

O DIEESE assessora várias entidades. São entidades que apóiam o escritório de Brasília. Temos 36 entidades sócias, diferentes, plurais. Cada uma tem suas ideologias, e nós tentamos atender essas entidades, tecnicamente, sem nos envolvemos na área das questões políticas, para manter esses sócios e a qualidade da assessoria técnica.

O escritório se organizou, a sua estrutura física, a parte de documentação, temos um arquivo organizado. Temos uma rede onde arquivamos documentos, produções, toda a demanda de entidades sindicais, demandas que não são de entidades sindicais, documentos de comunicação interna e externa do escritório. Melhoraramos a estrutura física, estamos num lugar melhor, maior, tem uma sala de reunião com mesa, cadeiras e usamos a estrutura do Sindicato dos Bancários de Brasília. Quando precisamos para um evento maior, usamos a sala de reuniões da entidade. Podemos receber a imprensa, os outros técnicos, pessoas que venham de fora e outros eventos.

O DIEESE é convidado para muitos eventos pelo Governo, pelas instituições, sindicais e não sindicais, para participar de palestras debates, seminários e sempre está acontecendo muitas coisas. Também fazemos eventos de divulgações da produção, em geral, da pesquisa de emprego e desemprego, cesta básica, dentre outros. A última foi um estudo sobre os jovens nos mercados de trabalho metropolitanos. Sempre tentamos chamar o movimento sindical, mobilizar as atividades sindicais.

Uma vez, ouvi o meu chefe, o Cássio, dizer a seguinte frase: “O DIEESE se renova, se levanta na crise.” Acho que existiram outras crises. Antes da minha entrada. O DIEESE tinha muito menos do que tem hoje, em termos de estrutura, de qualidade, de qualificação, de pessoas, de material. Se vier uma outra crise, acho que irá acontecer uma outra renovação. Tomara que não tenhamos mais crises, e se acontecer, pelo valor da sua direção sindical como técnica, na pessoa do Clemente [Ganz Lúcio], que é o nosso comandante, certamente acharemos outras saídas como tantas outras vezes.

O DIEESE está sempre querendo crescer, querendo mostrar que é do movimento sindical, que é um órgão que assessora o movimento sindical. O DIEESE estará sempre presente para assessorar e atender qualquer entidade sindical em suas demandas, dúvidas e questionamentos. Nunca deixará de ser do movimento sindical, porque luta em prol do movimento dos trabalhadores, por uma vida melhor, uma sociedade mais justa, mais profícua.

Acho que essa crise vem do não entendimento das instituições sindicais, de não proverem a sustentação do seu órgão de assessoria técnica. Temos entidades sindicais importantes, o DIEESE é um órgão sustentado predominantemente por contribuições oriundas do Movimento Sindical, e essa é a idéia desde o princípio, em ser sustentado pelos trabalhadores. Não reconhecer isto gera algumas vezes a desfiliação, recursos diminuem e o DIEESE não consegue se sustentar ou, pelo menos, não consegue a contento.

Pessoas que eu conheço que não são do DIEESE, que não são do movimento sindical, falam: ”Olha, eu vi a pesquisa do DIEESE na televisão, eu vi no jornal, mas aquela outra instituição também tem uma pesquisa, mas acredito na pesquisa do DIEESE.” O DIEESE tem ocupado um espaço também na vida das pessoas, das donas de casa, dos aposentados, dos estudantes. Porque essas informações, a produção, não é só para o movimento sindical. Ela alcança a sociedade. A sociedade conhece o DIEESE. Quando falo que trabalho no DIEESE: “Ah, aquele instituto de pesquisa? A sociedade o conhece.

 

 

Avaliação/Trajetória de Vida

 

 

Umas das lições tiradas na minha trajetória no DIEESE: não existem lutas de poder, não existe uma briga para ocupar o cargo de supervisor, diretor técnico. Meus chefes são legais, gosto deles. As pessoas da equipe de Brasília são amigas e interagem bem entre si. Cada dia é um dia diferente, acontece um contato diferente, coisas diferentes, demandas, visitas. Cada dia é uma surpresa e existe o princípio da solidariedade.

 

Planos Econômicos

O DIEESE teve um papel na análise dos vários planos econômicos. As pessoas ligavam muito, nos procuravam queriam entender. Queriam se precaver com relação a tudo que estava acontecendo. Eu estava muito recente, no DIEESE, foi um momento de muita pressão da sociedade, com relação ao Governo. O episódio do confisco, foi muito duro para todos, para a sociedade, houve aqueles que choraram suas perdas. Foi um plano que parecia minar o objetivo dessas pessoas. E o DIEESE dava essa assessoria no sentido de informar o que estava acontecendo.

Na época da URV [Unidade Real de Valor], já estávamos numa outra sala, num outro prédio, a supervisora técnica era a Rosane Maia. Ela montou um evento para explicar aos sócios o que implicava aquela aplicação da URV, o que era aquele índice, aquele fator. Nós calculamos mal. Calculamos que viriam umas 30, 40 pessoas. Vieram mais de 100. As pessoas iam chegando, chegando gente e não sabíamos o que fazer. Pedimos para o Sindicato da Construção Civil, o empréstimo do salão no subsolo. Era na garagem e fazia um calor tremendo, mas as pessoas foram para saber o que era a URV, porque aquilo era um impacto em suas vidas. Haviam sindicalistas, jornalistas, pessoas da sociedade, donas de casa. Foi um fato que me marcou muito, foi uma correria, uma loucura.

 

 

Pesquisa/PED

 

 

A nossa pesquisa em Brasília é imensamente reconhecida. É muito usada por seus mais diversos recortes. Nós temos um técnico, o coordenador, Antonio Ibarra, uma pessoa extremamente qualificada. É a única pesquisa de emprego e desemprego em Brasília. Começou em fevereiro de 1992 e tem uma repercussão muito grande.

 

 

Avaliação/Projeto Memória

 

 

É muito interessante. Toda empresa, instituição, organização deveriam ter uma memória. Porque afinal de contas quantas pessoas importantes passaram pelo DIEESE? Quantas pessoas já morreram? Quantas pessoas saíram do DIEESE e voltaram trazendo suas contribuições? Quantas pessoas fizeram a história? Quantas pessoas mudaram alguma coisa dentro do DIEESE? Mudaram rotinas para melhor, mudaram um texto ou um trabalho, ou um layout. Quantas pessoas investiram na configuração de alguma coisa para que isso melhorasse o trabalho como um todo? Então a memória é o que fica registrada, não vai falhar nunca. Muito louvável essa idéia e iniciativa de se fazer a memória das pessoas. Infelizmente, não poderão ser todas, mas algumas que estiveram aqui, outras que foram citadas, uma atitude realmente muito louvável. Fico agradecida pela oportunidade.

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